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March 17, 2005

Through the Gates of Hell I - Ashes to Ashes, Dust to Dust

[Through the Gates of Hell I - Ashes to Ashes, Dust to Dust]




Ainda me lembro do dia em que do céu choveu fogo.

Era uma manhã amena de fim de Verão, cheia de luz e cor. O azul profundo do céu fundia-se no horizonte com o azul infinito do mar no horizonte, como se ambos fossem na verdade um só. Do vasto oceano soprava uma brisa fresca, cheia de vida, que balouçava as verdes folhas nas árvores e que me acariciava o rosto. Podia ouvir as ondas, na distância, a rebentarem regulares contra os rochedos das escarpas... mais perto de mim, o chilrear alegre dos pássaros que, como eu, tinham acordado cedo para saborear uma aurora radiante.

Mas, mais cedo ou mais tarde, todos acordamos dos nossos sonhos... e um mundo de sonho como aquele que era o meu não poderia durar para sempre.

Eis que de súbito todo o azul do céu se revolveu, furioso, vomitando sobre a terra verdejante fragmentos ardentes de estrelas. Grossas nuvens pretas cobriram o sol matinal, escureceram a terra e o mar, rebentaram em mil relâmpagos fulgurantes e violentos. A fresca brisa cresceu, aqueceu, tomou proporções de furacão, incinerou a vida à sua passagem impetuosa. Detritos de estrelas continuaram a cair sem cessar, dezenas, centenas, milhares, furando a espessa camada de nuvens, desafiando os relâmpagos, explodindo com estrondo contra o solo, devastando tudo em seu redor.

Num momento imperceptível, numa batida de coração, todo este paraíso bucólico se tornou num ardente inferno. No Inferno. Chegou sem aviso, o submundo maldito, consumiu a minha vida de um trago. Mas não me destruiu, como a tudo o resto. Deixou-me viver no meu mundo devastado, como um rei sem coroa, destronado e perdido, sozinho num mundo de fogo e trevas.

(continua)
(imagem por Mike Hanson)

1 comment:

Anonymous said...

morra