testing a new face for the old blog. tried other platforms, but no other seemed good enough.

March 30, 2005

[Through the Gates of Hell V - Eternal Twilight Morning]

[Through the Gates of Hell V - Eternal Twilight Morning]



Abro os olhos devagar, ao mesmo tempo que ela. Como se acordássemos juntos de um sonho, sonhado a dois. Sorri, embaraçada, suspira para o vazio, a sua mente a escapar para uma qualquer paragem longínqua.

"Isto... isto não devia ter acontecido", murmura, quase imperceptívelmente, fitando o vazio, sem retirar os braços do meu pescoço, sem se libertar do meu abraço.

"Porquê?"

"Daria qualquer coisa... qualquer coisa, apenas para te amar a ti", diz ela, num tom triste, encostanto a cabeça no meu ombro. "Mas não posso, tal como tu não podes. Não pertencemos um ao outro..."

A chuva abranda, quase imperceptivelmente, à medida que o nosso abraço, a nossa união, se desfaz. "Gostava que isto durasse para sempre", digo. "Não posso, no entanto, enganar-me a mim uma vez mais... e ainda menos a ti."

"Tudo tem o seu momento para acontecer", diz ela, voltando a olhar-me nos olhos. "O nosso encontro aqui, no meio do nada, debaixo da chuva."Que entretanto cessara completamente."O nosso momento... tinha que acontecer, senti que tinha de acontecer..."

"Ambos o sentimos", digo, sorrindo à luz que o seu olhar revela só a mim. "Por isso os nossos caminhos nos trouxeram aqui. Todavia, eles seguem rumos diferentes..." Como sempre, tudo é efémero, tudo é passageiro. A chuva fria que me consola... tu..."

"Talvez um dia possamos renascer juntos, unidos, como duas sementes de Primavera que o rigor do Inverno não logrou separar." A sua mão encontra a minha, aperta-a com força, como se fosse a última vez. "Por ora temos de seguir os nossos caminhos, empreender as nossas jornadas até onde nos levar esta perseguição de... nem sabemos bem de quê. Por ora temos de nos separar... na certeza de sempre, mesmo sempre, podermos encontrar um lugar de conforto nos nossos corações... e se um dia, numa qualquer aurora radiante, os nossos caminhos se cruzarem... que abracemos juntos o destino, e que sigamos em frente, pois que para trás... nada existe..."

(continua)

March 24, 2005

[Through the Gates of Hell IV - Forgiving Rain]

[Through the Gates of Hell IV - Forgiving Rain]




Sinto uma pesada gota de água esmagar-se no meu rosto, desfazer-se em inúmeras gotículas que caem para o solo poerento, que fazem levantar com o seu impacto a negra cinza do chão. Deuses, será possível?

Ergo os olhos para o alto, para o espesso manto de nuvens de tempestade que cobre os céus em toda a sua infinita extensão. Espero relâmpagos, o flagelo dos céus. Mas eles não vêm. Apenas uma, duas, dezenas, centenas, milhares de gotas de chuva se precipitam para o solo, se esmagam nas cinzas. Sinto as bátegas frias no meu rosto, sem querer acreditar no milagre que a minha pele seca e cansada saboreia, na dádiva impossível que os céus me concedem, quando julgava que eles há muito me tinham abandonado...

"Eles nunca nos abandonam. Deixam-nos sozinhos, por vezes, a lutar por nós mesmos no mais improvável dos campos de batalha. Mas nunca deixam de nos observar."

Abro os olhos para ver quem me interpelara. Diante de mim está uma jovem rapariga de olhos de âmbar com longos cabelos lisos, pretos, escorrendo a água da chuva que sobre nós se abate. Veste apenas uma túnica branca rasgada e uma saia desalinhada, da mesma cor, contrastando agressivamente contra o mundo negro onde nos encontramos; a água dos céus abençoa-a como a mim, cola-lhe as vestes à pele clara, faz sobressair as suas formas volumptuosas.

"Os céus", diz ela. A sua voz é doce, como o chirlear da primeira andorinha. O tom, claramente sensual. "Eles vêem sempre, eles sabem sempre."

"Quem és?", pergunto, sem tirar os meus olhos dos dela. Como um feitiço que sei que não existe, mas que de alguma forma não me importava que fosse real. Nos seus lábios desenha-se um sorriso, perante a minha pergunta.

"Alguém perdido neste mundo, como tu", responde. "Alguém que cometeu os seus erros e que paga por eles aqui. Alguém que procura... o mesmo que tu."

Um leve suspiro escapa-se por entre o sorriso dos seus rubros lábios. Aproxima-se de mim devagar, a passos curtos, até estar tão perto de mim que os seus olhos se tornam imensos, como se revelassem todo um mundo de sonhos e pesadelos por detrás do seu espelho de âmbar. "Conheço-te?", pergunto, num sussurro embalado pela chuva que cai constante, sentido algo pulsar dentro de mim, algo que me atrai insensivelmente, irresistivelmente para ela.

"Conhecemo-nos um ao outro sem sabermos verdadeiramente quem somos." O seu tom é meigo, ternurento, o seu olhar irresistível. "Sentimos algo que não sabemos explicar. Somos frutos tombados da mesma árvore de Outono... a chuva que cai dissolve as nossas amarguras, limpa a nossa pele... renasceremos nós, das fumegantes cinzas húmidas..?"

Fecho os olhos por um momento. Não os abro, quando sinto os seus lábios nos meus, húmidos pela chuva, quentes pelo desejo. Os seus braços envolvem-me num abraço, num momento evanescente em que nos beijamos, em que o fardo que carrego parece subitamente desfazer-se em poeira, em coisa nenhuma. Coloco os meus braços à sua volta, fundo o seu corpo no meu, envolvidos apenas pelas lágrimas dos céus. O tempo desaparece, perde o sentido na magia do momento.

(continua)

March 22, 2005

[Through the Gates of Hell III - Demons of the Past, Prophecies of the Future]

[Through the Gates of Hell III - Demons of the Past, Prophecies of the Future]



"Tu. Aqui."

Volto-me para trás, para a voz grave que interrompe o silêncio da planície desolada, deparo-me com ele. Com ele. Sorrio, amargamente, e nada lhe digo.

"Quem diria que te iria encontrar aqui", diz ele, caminhando devagar na minha direcção, com um sorriso enigmático desenhado nos lábios negros. Não enverga o elmo que em tempos lhe conheci, vejo-lhe o rosto pela primeira vez; e, no entanto, é como se o rosto que vejo me fosse familiar, estranhamente familiar, demasiadamente familiar. Como o rosto enigmático que tantas e tantas vezes vi reflectido no espelho... "O mundo é realmente um lugar pequeno, e a vida, um imenso mar de ironias."

"Fica onde estás", ordeno-lhe, em tom ríspido, com a mão na minha espada mas sem a desembainhar. "Já te derrotei uma vez, demónio, lembras-te? Posso fazê-lo outra vez."

"Podes, evidentemente". O cavaleiro negro ri-se com desdém, após a breve divagação que o seu olhar faz até ao passado, até àquela fatídica noite. "No entanto, e apesar de desta vez não ter o meu dragão, seria bom que te lembrasses de que estás agora no Inferno - este é o meu mundo."

"Errado. Este é o meu mundo. Apenas foi... consumido. Pelo teu." As palavras custam a sair, como custa a aceitar a derrota que foi a perda de todo este mundo. O paladino das trevas ri-se.

"É a mesma coisa."

"Não importa", respondo-lhe. "Que queres tu? Lutar? Seja, então. Terei menos piedade desta vez. Afinal, nada aqui há a perder, não é?"

"Não vim para lutar", apressa-se o cavaleiro negro, quando começo a desembainhar a espada. "Já não me interessa derrotar-te, pois que derrotado já estás. Não desceste aos infernos comigo, mas os infernos subiram até ti. Vim até aqui para falar-te."

Olho para ele - para mim - de forma desconfiada. "Que poderias ter tu para me dizer, maldito, que me pudesse interessar?"

"Estás à procura do caminho, não é?", pergunta-me ele, subitamente sério. "Das portas do Inferno? Não vim para me intrometer. Apenas para te dizer que tenhas cuidado."

"E desde quando te preocupas tu comigo?"

"Não me preocupo. Apenas me quero divertir. E vou-me divertir, quando a encontrares."

"Quando a encontrar?", interrogo-me. O cavaleiro negro ri-se, dá meia volta e começa a caminhar para longe. "Quando encontrar quem? Quem é ela?"

O paladino susteve-se e olhou para mim pela última vez, antes de desaparecer nas trevas. "Tu verás. Apenas tem cuidado quando a vires. E quando isso acontecer, vais ver que este lugar tem mais que ver contigo do que aquilo que alguma vez imaginaste."

(continua)

March 17, 2005

Through the Gates of Hell II - The Wake

(pequena nota de explicação: os evidentes problemas gráficos deste blog devem-se a erros do site que fornece o template. Sei que isto não está esteticamente agradável - é o meu lado negro literal. Mas vou dedicar parte das minhas férias a tentar criar eu mesmo um template, muito futurista, muito sci-fi, muito sombrio, muito... igual a mim. Até lá, no entanto, irei mantendo a água a correr, que é como quem diz, irei actualizando o espaço com as passagens deste novo conto que me surgiu há dias. A todos, espero que gostem... e obrigado pela atenção)

[Through the Gates of Hell II - The Wake]



Olho em volta, apenas vejo uma vasta planície desolada, escaldante. Nada daquilo que foi este mundo é mais. O dia do Apocalipse chegou, o Inferno emergiu das profundezas ardentes para destruir a felicidade que julguei inescapável. Separou-me de tudo aquilo que amava, tornou-me num anjo caído, arremessou-me para o fundo. E deixou-me contemplar toda a queda de um mundo.

Não há mais nada aqui. Apenas dor, sofrimento, fantasmas de um tempo que não volta. Vejo-os a vaguear sem rumo, sem destino, de olhar vítreo fitando o vazio. Pergunto-me se não serei também eu um deles... e não consigo dar resposta a isso. Fecho os olhos, angustiado, procuro em vão aocrdar deste pesadelo horrível.

Mas não é. É real, bem real, demasiado real. O calor sufocante queima-me por dentro cada vez que inspiro o ar fétido desta atmosfera. Não consigo ver nada, apenas sentir, sentir. Por momentos sou invadido pelo impulso de deixar-me consumir pela destruição, de atirar o meu corpo para a boca de um qualquer vulcão que irrompe livremente pelo solo, de me tornar cinza num mundo que é só cinzas. Mas não tenho coragem.

E algo dentro de mim, não sei bem onde ou como, sente-se aliviado pela minha covardia.

Atrevo-me a abrir os olhos novamente. Continua tudo na mesma. Estou vivo. No meio da morte, entre estátuas de anjos esquecidos. Mas, da mesma forma que em tempos tão distantes que a memória quase não os consegue evocar consegui encontrar o meu caminho para o paraíso com o qual sempre sonhara, conseguirei agora encontrar o meu caminho para fora dos Infernos. Seguro firme na minha espada, que tantos demónios já combateu no passado. Que a minha guerra contra um mundo comece, aqui e agora.

(continua)

Through the Gates of Hell I - Ashes to Ashes, Dust to Dust

[Through the Gates of Hell I - Ashes to Ashes, Dust to Dust]




Ainda me lembro do dia em que do céu choveu fogo.

Era uma manhã amena de fim de Verão, cheia de luz e cor. O azul profundo do céu fundia-se no horizonte com o azul infinito do mar no horizonte, como se ambos fossem na verdade um só. Do vasto oceano soprava uma brisa fresca, cheia de vida, que balouçava as verdes folhas nas árvores e que me acariciava o rosto. Podia ouvir as ondas, na distância, a rebentarem regulares contra os rochedos das escarpas... mais perto de mim, o chilrear alegre dos pássaros que, como eu, tinham acordado cedo para saborear uma aurora radiante.

Mas, mais cedo ou mais tarde, todos acordamos dos nossos sonhos... e um mundo de sonho como aquele que era o meu não poderia durar para sempre.

Eis que de súbito todo o azul do céu se revolveu, furioso, vomitando sobre a terra verdejante fragmentos ardentes de estrelas. Grossas nuvens pretas cobriram o sol matinal, escureceram a terra e o mar, rebentaram em mil relâmpagos fulgurantes e violentos. A fresca brisa cresceu, aqueceu, tomou proporções de furacão, incinerou a vida à sua passagem impetuosa. Detritos de estrelas continuaram a cair sem cessar, dezenas, centenas, milhares, furando a espessa camada de nuvens, desafiando os relâmpagos, explodindo com estrondo contra o solo, devastando tudo em seu redor.

Num momento imperceptível, numa batida de coração, todo este paraíso bucólico se tornou num ardente inferno. No Inferno. Chegou sem aviso, o submundo maldito, consumiu a minha vida de um trago. Mas não me destruiu, como a tudo o resto. Deixou-me viver no meu mundo devastado, como um rei sem coroa, destronado e perdido, sozinho num mundo de fogo e trevas.

(continua)
(imagem por Mike Hanson)

March 15, 2005

[now . . . .]

[now...]





. . . . that words are silent, turned meaningless as they crashed on the utter wall of unspoken truths . . . .

. . . . that an absolute darkness have come at last, obliterating the illusion of light that confused my senses . . . .

. . . . that dreams faded in the void of some nothing place . . . .

. . . . that my mind have passed judgement over the reckless rebellion of my feelings . . . .

. . . . that the swift hand of oblivion swept away the tears of my memory's eyes . . . .

Now that everything's dead, buried and ready to reborn once more, I've been finally set free . . . .

(imagem por Luis Royo)

March 11, 2005

[black and white]

[black and white - the mirror of the nothing place]


tic... tac...

Algo que se mova no vazio de forma incrivelmente rápida parece aos olhos do observador estar parado.Não estou no vazio, sequer me movo, aliás; mas os ponteiros do relógio de luto, única decoração da vasta parede branca, há muito que parecem não se mover. Há muito que perderam o sentido.

tic... tac...

A luz esconde trevas nas sombras, projectando-as quando encontra obstáculo em relevo. Não há sombras, aqui. Ou luz. Ou formas em relevo. Há nada, que é tudo. Há vida, que há muito morreu. Há morte, que teimosamente renasceu.

tic... tac...

O eco reverberante dos ponteiros estáticos flutua no vazio em ondas regulares, marca o compasso mórbido deste lugar inerte, desta prisão invisível que não posso sentir. Ah, saudades dos dias em que te senti entre os dedos, traiçoeira lâmina..!

tic... tac...

No eco esconde-se uma vida, desvanecida, perdida, quase esquecida. Pequenas notas graves e agudas de lamentos magoados, de risos de alegria, de gargalhadas divertidas, de suspiros apaixonados velam-se no som do pêndulo secreto, invadem a minha mente fragmentada, estilhaçada, irrompem numa míriade de imagens no vazio da minha memória.

tic... tac...

A tua silhueta sensual surge diante os meus olhos fechados, envolta num halo de luz difusa. Não estás aqui, sei-o bem. Não mais. Ainda assim posso ver-te a caminhar para mim ao ritmo do relógio sem tempo. Como uma miragem.

tic... tac...

Sinto-te no eco que o vazio grita. Sinto ainda a pulsação quente do teu peito junto do meu, o aroma suave do teu perfume no ar que aqui não existe. Sinto ainda a dor da queda, as feridas abertas, as cordas de raiva imobilizando os meus pulsos e afastando-me inexoravelmente de ti. Sinto tudo isto indistintamente, insensivelmente, enquanto grossas lágrimas de sangue escorrem dos meus olhos eternamente secos e áridos.

tic... tac...

Qual a diferença entre amor e ódio..?

March 06, 2005

[Moment's Song 05: "It Can't Rain All The Time", Jane Siberry]

[Moment's Song 05: "It Can't Rain All The Time", Jane Siberry]

Descobri esta música ontem à noite, enquanto revia (ou talvez enquanto verdadeiramente via) um dos filmes da minha vida: The Crow. Há algum tempo que uma música não me dizia tanto como esta. Deixo-vos a letra, que é fantástica.


We walked the narrow path, beneath the smoking skies.
Sometimes you can barely tell the difference between darkness and light.
Do we have faith in what we believe?
The truest test is when we cannot, when we cannot see.
In the streets below, and the,
And the women cry and the,
And the children know that there,
That there's something wrong,
And it's hard to believe that
Love will prevail.

Oh it won't rain all the time.
The sky won't fall forever.
And though the night seems long,
Your tears won't fall forever.

Oh, when I'm lonely, I lie awake at night and I wish you were here.
I miss you. Can you tell me is there something more to believe in?
Or is this all there is?

In the pounding feet, in the,
In the streets below, and the,
And the window breaks and,
And a woman falls, there's,
There's something wrong, it's,
It's so hard to believe that love will prevail.

Oh it won't rain all the time.
The sky won't fall forever.
And though the night seems long,
Your tears won't fall, your tears won't fall, your tears won't fall
Forever.

Last night I had a dream.
You came into my room, you took me into your arms.
Whispering and kissing me, and telling me to still believe.
Within the emptiness of the burning cities against which we save our darkest
Selves...

Until I felt safe and warm.
I fell asleep in your arms.
When I awoke I cried again for you were gone.
Oh, can you hear me?

It won't rain all the time.
The sky won't fall forever.
And though the night seems long,
Your tears won't fall forever.

It won't rain all the time.
The sky won't fall forever.
And though the night seems long,
Your tears won't fall, your tears won't fall, your tears won't fall
Forever...



E porque ambos estamos a precisar de "levantar" um bocadinho o nosso astral... Waxing Crescent, este post é para ti. Afinal, não pode chover o tempo todo...*

March 01, 2005

[the return from hell]

[the return from hell]


In that night, black storm clouds covered the starlit sky I used to worship.

In that night, furious lightning bolts traversed the sky and scorched the dephts of my own with their blistering light, as ravenous thunders bursted in my ears and shoke my restless soul.

In that night, rain was not cold as it should be, and it burned my naked skin.

"In that night, for the very first time in my life, I wished to die.

And I died.

I didn't scream, I didn't cry, I didn't even mutter, for no one was there to hear me (no one ever is). I just sat in the dark, alone and cold, with the razor in my fingers. I didn't cut my fists, but my soul has been ripped apart. I didn't shed my own blood, but I felt it leaving my body, soaking my hands, flooding the ground around me. My heart never stopped beating, but I've never felt its beat again since then.

I have no scars in my fists. Still I can see them all the time, burning in red hot, reminding me every waking moment that my world fell down, and I killed myself in the fall. I can still walk, breathe and see. Though my path is gone, the air isn't cool and fresh, and I am surrounded by darkness.

I wander without a destiny, without a goal, without a reason. I don't remember my past, I don't dream with my future. I don't live my present. I feel the morning sun warming my pale skin, but my soul is as frozen as ice. The world is oblivious to my sorrow as I am oblivious to its existence.

I returned from hell in that bleak night. But my soul remained down there, burning for the eternity...

(imagem de Leonid Kozienko, "The Last Warrior")