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November 23, 2004

[a world's end - from the ashes]

[a world's end - from the ashes]



"Creation is the work of a lifetime. Destruction... is the work of a second..."

Um segundo... que é um segundo? Nada... Num segundo nada se faz, nada se cria. Mas tudo se destrói. Não podemos criar uma vida num segundo. Mas um escasso segundo é mais do que suficiente para pôr fim a uma. Num segundo, nenhum deus consegue criar um mundo. Mas no mesmo segundo consegue reduzi-lo a cinzas.

Um segundo... um segundo será todo o tempo de que preciso.

Seguro na mão um pequeno e negro cristal de obsidiana, reflectindo na sua superfície escura o brilho do fogo devastador que consome este mundo abandonado. Contemplo-o do alto, pairando no ar, destruído, devastado. A imensa força criadora que iluminou a sua concepção tornou-se em energia destrutiva. Prolongar a sua agonia será prolongar a minha. Não o poderei permitir. Reconstruí-lo... teria sido possível, talvez. Mas agora é tarde demais. É sempre tarde demais. Anarkaris disse uma vez que alguns sonhos grandiosos têm de morrer, para que outros, mais grandiosos ainda, possam nascer. É para isso que aqui estou.

E um segundo será suficiente.

Olho em volta, sinto a dor deste mundo pulsar dentro de mim como se fosse minha. Recordo o seu esplendor de outrora, quando o criámos juntos... recordo as auroras de sonho que aqui presenciei, a felicidade que cada uma delas me trazia, o amor que as criava só para nós... recordo a queda abrupta da noite, as negras nuvens de tempestade que cobriram os céus de azul infinito... recordo a mágoa das tuas palavras em sufoco, a desilusão, a queda das crenças, as batalhas perdidas, a fuga desesperada. A dor. Sinto esta amálgama de sentimentos e memórias pulsar com violência dentro de mim, fluir furiosamente nas minhas veias, queimando-me, ferindo-me, transformando-se em energia incontrolável... que se espande dentro de mim até eu não a conseguir mais conter...

Não a sustenho mais. Fecho os olhos, aperto a pequena pedra de obsidiana, liberto esta enegria avassaladora e num segundo este mundo em queda é obliterado pelo poder devastador deste impulso. Num segundo de luz ardente, tudo é reduzido a cinzas, todos os fantasmas de um passado perdido volatizam-se, mergulho no turbilhão do espaço entre universos.

Abro os olhos. Estou no meu mundo, no alto da torre de Nitramneadh. Sinto-me vazio por dentro, frio como como a neve que cai suavemente, embalada pela brisa da noite. Só a minha mão sinto quente. Abro-a, vejo a pequena pedra de obsidiana brilhar como se tivesse fogo dentro dela. Sorrio. Toda a essência daquele mundo para sempre perdido aqui, na palma da minha mão, brilhando ardentemente ao ritmo compassado da minha batida de coração. Está tudo aqui, penso. A chave da minha ascensão, a essência de um mundo novo que que criarei - contigo? - um dia. Algures num futuro sem tempo, pelo qual lutarei a partir daqui.

"From here, let my world to be reborn."

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