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November 11, 2004

[from here to nowhere - between space and time, fear is not an option - why am I running away?]

[from here to nowhere - between space and time, fear is not an option - why am I running away?]


E subitamente o meu corpo começou a desvanecer-se. Planeswalk. Viagem entre mundos, entre universos inteiros, algo que recentemente descobri em mim mas que sou incapaz de controlar. É controlada pela minha inconstante imaginação - tal como eu.

Vejo a gruta e as suas paredes rochosas desaparecerem lentamente, como se de névoas fossem feitas. O som da água em queda, da tua voz doce cantando uma canção de luz em trevas absolutas tornam-se em ecos distantes até não mais se conseguirem ouvir. O caos de energia em turbilhão do nada entre universos envolve-me por momentos na sua tempestade silenciosa, até que também ele se desvanece.

Negras nuvens de tempestade cobrem os céus, vomitando violentos relâmpagos que iluminam a noite e explodem contra o solo com violência e fragor. O som cavernoso dos trovões ecoa pela vasta planície desolada. Do nada emerge um dragão imenso, negro como breu, corcel alado de um paladino de trevas empunhando uma lança de luz demoníaca. Um exército destroçado debanda em todas as direcções, movido por puro medo, procurando um qualquer abrigo contra tão poderoso adversário. Apenas um guerreiro permanece, desafiando o paladino como se o conhecesse, como se o esperasse. Não me vêem. Combatem furiosamente, sob o olhar atento do imponente dragão.

Apenas a rapariga sente a minha presença. Não a vi, suspeito que esteja ali desde o início, observando a sangrenta batalha com um olhar triste, sem intervir. Fita-me agora, uma luz simultaneamente triste e ressentida trespassa-lhe os seus invulgares olhos azuis. "Já estiveste ali", sinto a sua voz meiga sussurar na minha mente. "Já combateste aquele demónio antes, lembras-te? Porque não lutas novamente? Porque não tornas a erguer a tua espada e voltas a combatê-lo com o fulgor de outrora?"

Observo a batalha uma derradeira vez. Não, não mais me posso envolver. Não assim, sozinho. Deixo-a continuar. Num esforço mental, faço todo este mundo desvanecer-se, perco-me nos céus furiosos até o caos do espaço entre mundos me engolir mais uma vez. Fujo. Da batalha, do olhar triste e acusador da rapariga, das minhas próprias dúvidas, dos meus próprios medos. Fujo, simplesmente. Este mundo não me pertence mais, se é que alguma vez me pertenceu. Solitário como sempre, vagueio pelo turbilhão do nada até dar por mim no cimo da imponente torre de obsidiana da cidade de Nitramneadh, no Submundo. No meu mundo. Suspiro. Apesar de ter criado este lugar, não sei se a ele pertenço. Mas por vezes penso que daqui nunca devia ter ousado sair.

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