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June 06, 2005

reflexão de lp girl

(lp girl: como te disse, inspiraste-me, e quando é assim nada há a fazer. O teu texto foi o melhor pretexto que poderia ter encontrado para a materialização destes pensamentos.)

Não costumo alimentar sonhos de retorno, sabes? No fundo creio o amor como a guerra - os erros cometidos não se apagam, não se esquecem, não se perdoam. Da mesma forma, quando uma relação termina, não há vencedores ou vencidos, não há glória ou qualquer honra a conquistar - apenas a sensação vazia de se escolher ou de se submeter a um caminho que invariavelmente nos arrasta à quinta esfera do inferno de Dante. Todos os ganhos que a visão irada nos mostram são evanescentes, quando não ilusórios - quando se ama de verdade, evidentemente.

Na tempestade do pós-guerra, o pior de tudo é o olhar. Fere mais do que as palavras precisamente porque nada diz. Mas mostra tudo - a admiração pela nova pessoa que nos substitui com inacreditável rapidez, o ódio pela nossa decisão magoada ou desesperada, o desejo de um regresso aos tempos de sonho que no momento presente parecem tão distantes no tempo. É a derradeira arma, que não mata, mas confunde, prende, atormenta. Ainda hoje, se queres que te diga, não o consigo compreender. Somente sei que atordoa os meus sentidos e que turva a minha mente ao ponto de não me deixar ver coisa nenhuma. Mas não me mostra nada - ou talvez seja eu que não consigo (ou quero) ver claramente aquilo que eles verdadeiramente me querem mostrar.

Há apenas uma coisa que posso dizer, longe dos lugares comuns do tempo curar tudo e quejandos. O pós-guerra (pós-amor) supera-se afastando não o olhar da pessoa perdida, mas os pensamentos de vingança para com ela. Pode até a vingança ser um prato que se serve frio - mas desde quando é agradável comer algo frio? Na guerra, a vitória não favorece nem os justos nem os malditos - mas os preparados. E preparados estarão aqueles que se assumem sem complexos. Que assumem os sentimentos, as angústias, as desilusões, os sonhos.

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