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November 20, 2004

[through the memories, a vision]

[through the memories, a vision]



Foi como ver-me num espelho. À minha frente, o meu reflexo - interior, não exterior, como normalmente seria suposto. Cristalino, claro como gotas de orvalho. Todos os sonhos e pesadelos, todas as dúvidas e certezas, todos os desejos e medos - tudo, ali, nas palavras de um mero desconhecido que me conhece talvez melhor do que eu mesmo.

Está calor. Onde estou? Não sei ao certo. O solo escalda, torna-se incandescente a cada passo que dou. Até onde a vista alcança perscruto terra devastada em ebulição, em erupção, como se todo este mundo se movesse por força de um qualquer impulso ardente. Sinto esse impulso, violento como uma batida de coração a pulsar dentro de mim. Como se me reconhecesse.

Percebo então que já aqui estive. Faz tempo, muito tempo. Não me lembrava mais. Mas sinto-o dentro de mim. Recordo a sua essência, somente, percebendo que algo está diferente. Algo mudou.

Olho em volta. Este não mais é um mundo em criação, como era aquando da minha passagem por ele. Está destruído, fragmentado, talvez de forma irreversível. Foi abandonado, entrou em colapso. Cada explosão de fogo, cada tremor o aproxima do fim. Sinto tristeza por isso, de alguma forma. Mas não creio nada mais poder fazer por ele. Não sozinho. Não por minha iniciativa.

Quem o criou... não mais o quer. Ou não mais o parece querer. Porque hei-de eu lutar por ele..?

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