[believe. belief. beyond...]
Não sei quanto tempo passou. Sei que foi demasiado, sem nexo ou justificação. Porque estava perdido à partida. Sempre esteve. Tudo o resto foi uma traiçoeira ilusão, devaveio cruel de uma autoproclamada deusa de panteão nenhum. Quis acreditar, mas não o fiz. Disse a mim que não conseguia, mas encontro mentira nas minhas próprias palavras. Não quis. Recusei, recusei-me.
Não sei os seus motivos, nem sei se algum dia os saberei. Apenas sei que por muito tempo eles se materializaram em poderosas correntes invisíveis que não me agrilhoaram os pulsos ou os tornozelos, mas a mente, o coração. Bloquearam-me as asas, negaram-me os céus. Estiquei-as enquanto pude, sangrei, desesperei. Para nada, percebi, com a lâmina entre os dedos, prestes a tomar um caminho sem retorno.
Libertei-me, por um escasso momento, uma noite. Naquela noite, em que pela primeira vez senti os teus lábios nos meus, em que suavemente me envolveste no teu abraço e as luzes ofuscantes se apagaram, o fumo se desvaneceu, o som emudeceu... não fez sentido, bem o sei; mas roubou o sentido a todo um mundo...
Estou livre, agora. Lentamente, tornaste-te presente, passaste de miragem etérea e incorpórea a presença constante e viva, em sonho puro que me assalta quando estou acordado. Quebraste as correntes que me prendiam a nada. Libertaste-me. Dás-me o céu a cada momento, cada palavra escondendo uma estrela só para mim.
Contigo sonho agora, na distância que cruelmente nos separa, sabendo que entre nós não mais fantasmas aparecerão. E que apareçam... estou preparado para lutar, desta vez. Estamos? Pode esta ser uma ilusão, também. Mais uma ilusão. Qual a diferença, então?
A ser uma ilusão, esta é uma ilusão em que vale a pena acreditar. Uma ilusão que vale a pena tornar real. Porque acredito em ti. Porque me fizeste acreditar em mim novamente. Porque me fazes sentir vivo. E porque agora, mais do que nunca, quero sonhar...
(imagem de autor desconhecido)
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