[Visions]
Isto era o que Evaila via.
Um vasto céu de cores amenas em aurora radiante e permanente. Não havia sol, nem qualquer outra estrela que lhe desse a luz; era como se a sua luminosidade fosse natural, como se emanasse directamente do vazio. Formações de nuvens que pareciam algodão cruzavam vagarosas a manhã gloriosa, movidas por uma suave brisa fresca que lhe fazia ondular os cabelos negros. Abaixo dos seus pés descalços, o mar infinito fluía e refluía constante, sem ruído; um vasto espelho azul acima do qual pairavam as verdes ilhas voadoras onde, em tempos idos, Nifrithe mandara erguer os seus palácios de altas paredes de alabastro, com imensas torres de marfim e portas esculpidas em ouro. Imensos vitrais de mil cores reflectiam a luz da manhã como cristais, projectando pelas superfícies reluzentes dos templos arco-íris de todas as cores possíveis. Um mundo de pureza, de paz, onde o mal jamais poderia ser concebido.
Isto era o que Narayan via.
Um céu tempestuoso de negras nuvens ameaçadoras, por entre as quais espreitava a eterna Lua de Sangue, que iluminava a noite eterna com a sua rubra radiância. Aqui e ali relâmpagos arroxeados cruzavam os céus em revolução e os trovões distantes ecoavam ameaçadores. Um vento furioso soprava inconstante de Leste, dos longos vales desolados. À sua volta, os palácios e templos de obsidiana polida, um espelho de breu da noite sem fim. Ao centro da praça da mesma rocha negra, erguia-se uma imensa torre de obsidiana, esculpida com caracteres de línguas há muito perdidas; a suprema obra de Nitramneadh, que à torre e à lua vermelha deu a sua própria maldição. Um mundo de sombras, de corrupção, de ódio, onde o bem jamais poderia ser concebido.
(the chronicles of the underworld)
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